quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

O Reflexo da Desoneração na Folha de Pagamento da Construção Civil

Nos preços dos imóveis, nas construtoras, nos financiamentos imobiliários. Após dois anos embalados por queda de juros e facilidade de crédito, o mercado de imóveis passou 2012 pisando no freio. Segundo dados da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), o setor deve crescer 2,5% este ano — menos que os 3,6% de 2011 e muito abaixo dos 11,6% de 2010. O número de unidades financiadas pela poupança também caiu: de 492.908, no ano passado, para cerca de 450 mil, estima a Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip). Para 2013, as perspectivas são de crescimento e, já apostam alguns, de forma sadia.


— Tivemos um crescimento substancial nos últimos dois anos. Então, esse cenário agora é normal. As empresas precisavam entregar os empreendimentos, o que explica a queda de 28% nos financiamentos para pessoas jurídicas — justifica o presidente da Abecip, Octavio de Lazari Junior, frisando que para pessoas físicas, houve alta de 24% no volume de crédito, que deve fechar 2012 em R$ 84 bilhões. — Mas o ajuste é bom para o mercado se equilibrar e perpetuar seu crescimento de forma sustentável.


No preço de imóveis no Rio, isso é percebido no ritmo mais lento de valorização: após alta de 42% de janeiro a novembro de 2010, o setor registrou no mesmo período de 2011 e 2012, 15,8% e 13%, respectivamente, informa o Sindicato da Habitação (Secovi-Rio). Para 2013, considerando-se essas taxas, a perspectiva é de quase estabilização.


— Os preços devem acompanhar a inflação e subir entre 3% e 4% — calcula o vice-presidente da entidade, Leonardo Schneider. — O mercado está mais atento, mais racional. As vendas continuarão, embora em menor velocidade, até porque ainda há demanda em muitas regiões como Campo Grande, Santa Cruz e o Porto do Rio. E o número de lançamentos também tende a crescer.


Presidente da Associação dos Dirigentes das Empresas do Mercado Imobiliário (Ademi-RJ), José Conde Caldas também está otimista sobre 2013, apesar da queda de 20% nos lançamentos deste ano, que deve fechar em 20.277 unidades lançadas, contra os 25.022 lançamentos feitos em 2011.


— Ainda há demanda na área residencial. O mercado estava muito aquecido, e era preciso haver essa acomodação — diz o presidente da Ademi-RJ. Mas temos mais de seis milhões de metros quadrados em projetos já aprovados. Isso mostra que no ano que vem, o setor vai voltar a se acelerar.


Outro incentivo à construção civil veio do governo federal, que acaba de anunciar medidas de desoneração da folha de pagamento da construção civil que prometem aliviar o setor em até R$ 2,85 bilhões ao ano.


— Muitas empresas estavam sem capital de giro por conta dos grandes investimentos dos últimos anos. Então, esse pacote ajuda a aliviar o caixa e deve incentivar as construções de moradia tanto para baixa quanto para média renda — afirma Luís Fernando Melo, economista da Câmara Brasileira da Indústria da Construção. — O mercado está mais sadio. No ano que vem, devemos crescer cerca de 4,5%.


Esses incentivos, aliás, também tendem a ajudar a conter a valorização dos preços de imóveis em todo o país, principalmente, para média e baixa renda, acreditam especialistas.


— O pacote mostra que o governo está de fato disposto a abrir mão de encargos e impostos para incentivar o setor — diz Melo. — A folha de pagamento representa até 40% dos custos da construção. Sua desoneração tem, com certeza, impacto positivo. Há muita expectativa dos empresários em relação a isso.


Além disso, a recente forte valorização teria levado os preços a patamares muito altos, não comportando novos reajustes expressivos.


— A estabilização dos preços foi muito mais um ajuste para segurar preços altamente inflados do que um impacto de redução de financiamento ou excesso de estoques — afirma Maurício Visconti, diretor da Reit Soluções Financeiras Imobiliárias. — Em 2013, continuaremos com preços estáveis, pois não há mais margem para os preços crescerem nos grandes centros.


E, no Rio, não deve ser diferente. O estado deve fechar o ano com um crescimento em torno dos 2% no setor da construção civil, um pouco abaixo da média nacional. Mas, para o ano que vem, a expectativa do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Rio de Janeiro (Sinduscon-Rio) é de acompanhar o PIB nacional, crescendo acima do ano passado.


— As obras de mobilidade na cidade vão trazer oportunidades para o avanço de regiões onde serão construídas grandes vias como a Transolímpica e a Transbrasil — acredita Roberto Kauffmann, presidente da entidade.


Para Kauffmann, a Avenida Brasil deverá atrair muitos empreendimentos e passar a ter uso misto, com a instalação não só de indústrias não poluentes, como também de comércio e residências. Até porque a região foi considerada área de especial interesse urbanístico pela prefeitura, o que deve facilitar os investimentos.

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